Era uma tremedeira do estilo "parkinson" que ia e voltava a cada 10 segundos (sim, eu cronometrei o período...) e que destoava da esplendorosa figura imóvel durante os intervalos de calmaria.
O caso não é sobre mulheres bonitas tremelicando, mas da capa que vestimos para dissuadir as nossas reais intenções. A beleza e cuidados com a aparência da referida rapariga só poderiam ser fonte de desvio para seu problema.
Em termos práticos, o advogado é o exemplo mais clássico, pois se veste com extrema polidez, com gravata mais alinhada que um eclipse solar, cabelos milimétricamente simétricos como hemisférios de um globo perfeito, sapatos brilhantes como diamantes lapidados, e... a intenção sorrateira de aplicar-lhe uma imoral porcentagem sobre sua causa, ou uma taxa de serviço para dilapidar seu suado patrimônio.
Meu atual chefe bem me falou, "quem usa gravata que enganar alguém", mal ele sabia a ampla aplicação desta frase para além de nossos estimados colegas advogados vizinhos de andar, para as gordinhas que vão de bata larga (e preta) nas baladas, aos pobretões que desfilam roupa de marca e carro alugado, ao vinho servido em casamentos (meu deus... esse é o pior)... Tudo polido em prol de uma imagem melhor que provoque uma percepção mais intensa e esconda as falhas.
Já dizia meu velho:
"Melhor fechar a boca e parecer idiota que abrir e dar a certeza"
O importante é parecer.